Histórias que o Juquery conta...

quinta-feira, 6 de março de 2014


No final do século XIX, um homem considerado muito inteligente entre seus contemporâneos, escolheu uma imensa área verde e afastada do centro de São Paulo para construir o que viria a ser mais tarde um dos maiores complexos psiquiátricos da América Latina, o Juquery. O Hospital Psiquiátrico do Juquery ganhou tanta relevância em meados do Século XX, que em seu entorno, toda uma região se desenvolveu.
E o que seria daqui se não fosse o Juquery?
Há algum tempo já, essa questão mexe com a nossa imaginação... E foi justamente essa pergunta que nos motivou a idealizar o projeto “Histórias que o Juquery conta”.
Desde o início do ano passado, nós, do Teatro Girandolá, decidimos nos debruçar sobre a história da formação de Franco da Rocha e região. De lá pra cá, leituras, filmes, oficinas, visitas ao hospital, conversas com moradores antigos, conversas com pacientes e funcionários, se tornaram parte de nosso cotidiano e tem nos possibilitado o contato com um sem fim de histórias, imagens e sentimentos que nem fazíamos ideia de que podiam existir. Quando idealizamos o projeto, sabíamos que seria uma empreitada desafiadora, mas não fazíamos ideia do quão profundo seria esse mergulho.
O projeto “Histórias que o Juquery conta” tem por finalidade criar um espetáculo teatral que reconte, de maneira poética, as histórias do Hospital Psiquiátrico do Juquery e da cidade de Franco da Rocha. Pra isso, temos desenvolvido uma série de ações, que têm nos proporcionado encontros pra lá de significativos. O mais recente deles, aconteceu no último dia 28 de fevereiro, entre os atores criadores do Teatro Girandolá e alguns moradores da cidade de Franco da Rocha que transitavam pelo calçadão, próximo à estação, no centro da cidade. Os atores, em sala de ensaio, criaram e prepararam uma história e, inspirados pela técnica do Teatro Encontro, desenvolvida pelo Teatro da Escuta (método espanhol desenvolvido pelo pedagogo teatral Moisés Matos), foram para o calçadão, abordaram pessoas que estavam sozinhas e lhes contaram a história. A história, depois de contada, virava mote para um bate-papo sobre a história da cidade, que fatalmente se misturava com a história da própria pessoa com a qual se conversava.
Durante as 2 horas de ação, cerca de 30 pessoas foram atingidas e o Teatro Girandolá deu mais alguns passos na exploração desse universo, tão próximo de cada um de nós, mas que traz em suas histórias tantos mistérios e dores.

Confira nas imagens, logo abaixo, um pouco desses encontros...


 

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